domingo, 28 de fevereiro de 2021

Um ano com o SARS-CoV-2

Completam-se hoje 52 semanas com casos CoVid-19 em Portugal.
Os primeiros casos registaram-se na semana 10 de 2020, que se iniciou em 2 de Março, e, desde então, foram registados 804562 casos e 16317 óbitos.
Estes números tiveram uma evolução complexa, quer no tempo, quer no espaço, dando origem a inúmeras explicações e controvérsias, de que são exemplo as sessões no Infarmed.

Indicadores de incidência por região

Nos sistemas dinâmicos, costuma usar-se uma representação bidimensional (posição, velocidade), ou quantidade de movimento, para caracterizar o seu estado. 
A posição, por si só, tem muito pouca informação. Imaginemos dois carros fotografados numa autoestrada, próximos um do outro. Será que o que vai à frente vai ser o primeiro a chegar ao seu destino? Se soubermos as suas velocidades instantâneas já somos capazes de fazer uma melhor previsão.
Algumas pessoas usam as variáveis (infecções, óbitos) para tentar compreender a evolução da pandemia. Outros usam as variáveis (hospitalizações, camas ocupadas em UCI), por exemplo.
Calculei os números acumulados, semana a semana, de casos e de óbitos em Portugal, desde a semana 10 de 2020 até à semana 8 de 2021, que hoje terminou, e a leitura destas 52 semanas é surpreendente.

(casos, óbitos) acumulados por semana

Há trajectórias muito curiosas.
Entre a semana 10 e a semana 41 de 2020, os números foram contidos, e estiveram sempre bem abaixo dos 10000 casos por semana. 
Na semana 41 (5 de Outubro de 2020) algo ocorreu que impulsionou os casos até mais de 40000 semana, na semana 47, em que os casos começaram a decrescer até aos cerca de 20000 na semana 52.
Nesta semana (21 de dezembro de 2020), verificou-se um novo e brutal impulso, que levou os casos até cerca de 90000 por semana e os óbitos até cerca de 2000 por semana nas semanas 3 e 4 de 2021, estando agora a decrescer até hoje, em que parece que nos aproximamos da posição de partida.
Não vou especular aqui no que se terá passado naquelas duas semanas, em que foi como se ao sistema tivessem sido aplicadas violentas forças externas, mas sem dúvida que há aqui umas trajectórias elípticas (os óbitos estão atrasados em relação aos casos) e umas violentas perturbações.

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